A revisão das atividades do GBIF, a mais abrangente na última década, fez uma série de recomendações que visam potenciar os resultados alcançados até à data e abordar uma série de desafios para garantir o futuro da rede.
O Conselho Diretor do GBIF encomendou ao Comité de Dados do Conselho Internacional de Ciência (CODATA) uma revisão independente, 20 anos após um grupo de trabalho da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) ter recomendado a criação de um mecanismo global de informação sobre biodiversidade em 1999.
O relatório final publicado pela CODATA, Twenty-Year Review of GBIF, é o resultado de um ano de pesquisa, incluindo entrevistas a mais de 100 especialistas de várias partes da rede GBIF em todo o mundo e à comunidade alargada da informação sobre biodiversidade.
No seu sumário de conclusões, a análise designa o GBIF como “o ponto de acesso mais abrangente, disponível de forma aberta, independente da aplicação (mais imparcial), fácil de usar e moderno aos dados digitais conhecidos de ocorrência de espécies”.
“Consequentemente, como plataforma distribuída global, o GBIF é visto amplamente como um grande sucesso e uma grande melhoria em relação a outras soluções alternativas”, conclui o relatório. "Isso refere-se de forma equivalente aos dados que fornece e às atividades de capacitação".
O relatório cita os princípios fundamentais do GBIF em funcionar como uma organização distribuída e com uma estrutura de financiamento fiável como fatores que contribuiram para o seu sucesso até à data.
No entanto, a revisão identifica os principais desafios que o GBIF enfrenta e sugere que o procedimento anterior pode não ser uma opção para a continuação do sucesso da rede. Os desafios estão agrupados em quatro áreas abrangentes:
- Dados e tecnologias, incluindo a adequação ao objetivo, transparência e integridade dos dados, além de abordar a crescente quantidade e importância de fontes de dados não tradicionais sobre biodiversidade, como a deteção remota, análise genómica, outras observações automatizadas e contribuições pelos cidadãos
- Comunidade e organização do GBIF, incluindo lacunas na participação de algumas regiões globais, especialmente na Ásia, e o funcionamento da rede de nós nacionais e temáticos
- O domínio do financiamento, observando os desafios de manter fundos suficientes para cobrir as atividades globais principais do GBIF e o pessoal dos nós nacionais
- Gestão de expectativas, abordando o risco de que as partes interessadas possam ter expectativas irreais sobre o que o GBIF é capaz de alcançar, dado o nível de recursos e esforços necessários.
A revisão faz 27 recomendações individuais destinadas a enfrentar esses desafios, divididas em grupos gerais, de curto e de longo prazo. Essas recomendações estão elencadas no Resumo Executivo da revisão.
O Comité Executivo do GBIF concordou com um procedimento para implementar as recomendações da revisão, incluindo a consulta com a comunidade em geral, através do Programa de Trabalho anual, reuniões regionais e próximas discussões sobre o próximo Plano Estratégico do GBIF, para o período entre 2023 e 2027.
Numa mensagem ao Conselho Director, a Presidente do GBIF, Tanya Abrahamse, congratulou-se com a revisão, agradecendo à equipa da CODATA pelo grande esforço que ajudará o GBIF a traçar o caminho a seguir. “Em geral, o CODATA é muito positivo sobre a maneira pela qual o GBIF navegou num cenário complexo ao longo dos anos, cresceu para se tornar na primeira opção como fonte de dados de biodiversidade, e representa uma boa relação custo / benefício para nossos financiadores. Este sucesso deve satisfazer-nos a todos”, escreveu Abrahamse. “O CODATA também descreve sérios desafios e grandes oportunidades que precisamos agarrar como comunidade na próxima década, se quisermos atender à procura por informações sobre biodiversidade e manter a relevância como uma infraestrutura global.”
O Secretário Executivo do GBIF, Joe Miller, acrescentou que os desafios e oportunidades destacados na revisão se tornaram patentes pela atual pandemia do COVID-19. "Mais do que nunca, o GBIF precisa demonstrar relevância através de uma proposta de valor robusta", disse Miller. “Podemos mostrar que os dados mobilizados através do GBIF sobre vetores e hospedeiros de doenças zoonóticas desempenham um papel crítico no apoio à investigação científica sobre riscos para a saúde humana. A revisão da CODATA desafia a tornarmos-nos melhores defensores da nossa infraestrutura de dados e sua contribuição para a tomada de decisão baseada em evidências.”